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Nem tudo o que está na Internet é verdad

Foto: Canva

Você sabe o que seu filho está fazendo na internet?

Claro que sei. Ou será que penso que sei e não sei? Segundo pesquisa de Riscos de Segurança para o Consumidor feita pela Kaspersky Lab, só 37% dos pais revelaram ter algum tipo de medo sobre o tipo de material que as crianças podem acessar enquanto estão na internet.

 

Não ouso jamais dizer que este percentual de pais que desconhecem os mares, pelos quais seus filhos navegam na internet, são omissos, displicentes ou pior, que não estão preocupados com sua segurança e bem estar.

 

Mas, justamente, este “não saber” tem gerado algumas surpresas que nenhum pai ou mãe gostaria de experimentar. De acordo com a pesquisa Tic Kids Online Brasil da CETIC.BR 28% das crianças entrevistadas já compartilharam seu número de telefone e 23% seu endereço para pessoas que conheceram pela internet, 22% já se encontraram com estranhos (sendo que, 87% dos pais disseram que os filhos não se encontrariam com pessoas que conhecessem pela internet) e pior, muitos dos depoimentos que vem sendo compartilhados comigo por crianças, demonstram que uma boa parte, não diria aos pais caso estivessem sendo chantageados ou ameaçados pela internet.

 

Desde sempre ouvimos dizer que ser pai/mãe não é uma tarefa fácil, mas que as novas tecnologias deram um “plus” neste desafio, fato. Longe de mim, também criticar os avanços fantásticos desta nova era, pelo contrário, como mãe, dou um “salve” para o telefone celular e seus diversos aplicativos, que nos ajudam na comunicação e acesso à informação, aos buscadores da internet, que nos auxiliam a retomar os tempos de escola e a relembrar os micros detalhes de funcionamento do sistema digestório (sim, eu também aprendi como digestivo), sobre as equações de segundo grau, a revolução francesa, o período napoleônico, e por aí vai. Um merecido salve, também, às diversas e fascinantes opções de entretenimento, aos inovadores e sempre atualizados meios de acesso à informação que a internet e todos os demais avanços que a acompanham, nos colocam, diariamente, à disposição.

 

No entanto, não se pode negar que crianças e adolescentes se tornaram ainda mais vulneráveis com o uso das novas tecnologias, sobretudo a crimes como: sequestros, abusos, ameaças, chantagens, pornografia infantil e cyberbullying (sim, muitas das condutas relacionadas à prática, constituem crimes, tais como: calúnia, injúria, difamação, entre outros).

 

O Brasil está entre os dez países que mais consomem pornografia. Só em 2017, em uma das plataformas mais utilizadas para assistir pornografia, foram contabilizados 81 milhões de visitantes por dia em todo o mundo. Dentre os principais meios utilizados por aliciadores para ganhar aproximação e confiança de crianças estão as redes sociais e os jogos online. Já o bullying, como já tratado em outro artigo, verdade que ele sempre existiu, mas a prática nos meios digitais tem se desdobrado em prejuízos muito maiores do que se pode imaginar, por vezes, irreversíveis.

 

No entanto, há, felizmente, ferramentas que a própria tecnologia oferece para auxiliar pais e/ou responsáveis a dirigir a educação de seus filhos na sociedade da informação digital. São os chamados softwares de controle parental, que muito úteis podem ser no auxilio a prevenção desses dissabores como também, para o direcionamento da criança ao melhor e mais seguro proveito das novas tecnologias. Mas, importante que fique claro, que nada substitui o diálogo, o acompanhamento e a orientação com significado, aquele capaz de, mesmo quando transgredida uma regra ou combinado, os fará ao menos lembrar que algo sobre aquele assunto ou situação já foi, em algum momento, pauta de conversa familiar.

 

Naturalmente, até pelo fato de estarmos diante de um processo irreversível, mas pelo contrário, é muito importante que os pais ou responsáveis evitem radicalizar a conduta quando o assunto é internet e, melhor do que isso, que incentivem seus filhos a utilizar, mas, de acordo com as regras e recomendações estabelecidas pela família, tendo estes responsáveis ou não, as mesmas habilidades que a criança dispõe com os aparatos e recursos tecnológicos.

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A seguir, sugiro pequenas providências que, certamente, farão grande diferença:

 

- Computador e videogame na sala

- Senhas do celular e tablet compartilhadas com os pais, assim como, configurações de segurança e privacidade devidamente realizadas nos dispositivos móveis da garotada (e não precisa ser escondido)

- Faça “aquele” combinado, aquele que somente “alguém muito preparado” para ganhar um smartphone é capaz de cumprir

- Experimente instalar um bom software de controle parental (muitos oferecem 30 dias gratuitos para “degustação”). Sem prejuízo, todo dispositivo (inclusive consoles), possuem a ferramenta de controle de pais gratuita. Basta configurar.

- Que tal dar uma força e já deixar selecionados os sites e aplicativos indicados para a faixa etária de sua criança?

- Por falar em faixa etária, respeite e incentive sua criança a respeitar a classificação indicativa, seja de games, de sites, redes sociais etc. Resista e não ceda a concessão de acessos não permitidos para sua idade. No lugar, explique que existem motivações para isso.

- Observe mudanças de comportamento, converse com outros pais e propicie momentos e situações para que a criança possa compartilhar algo que a esteja angustiando ou a estimulando a agir de modo diferente do habitual

- Acesse com sua criança, de vez em quando, aqueles sites que ela adora: vale tutoriais de games e vídeo de youtubers também.

- as mesmas orientações que você recebia sobre não conversar com estranhos, sempre dizer a verdade (por pior que seja), nunca ceder a qualquer tipo de chantagem ou ameaça (seja de quem for), não acreditar em tudo que lê e ouve, e sempre, sempre que sentir qualquer desconforto, não hesitar em procurar ajuda, continuam valendo e são absolutamente aplicáveis ao universo digital.

- E lembre-se: nós, pais, representamos uma importante referência na vida de nossos filhos. Os ensine a refletir sobre o que postar e não postar, praticando este exercício na frente deles. A começar por evitar divulgar tantas fotos e fatos relacionados à própria criança.

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E para finalizar, não conheci até hoje nenhum pai ou mãe que entregou um celular, videogame ou propiciou ao seu filho um acesso à internet desejando-lhe que fosse vítima ou infrator de um crime ou ilícito cibernético – talvez por que não exista. Via de regra, pais pensam e desejam o melhor para seus filhos, mas, como dizia o saudoso Içami Tiba “Pensar precede o fazer, mas não adianta só pensar e não fazer”. Então, mãos a obra!!

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Alessandra Borelli

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